sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Com vocês, o Patrono André Macedo

Na última terça-feira a Assessora de Imprensa da 40ª Feira do Livro de Pelotas, Helena Schwonke, bateu um papo com o Patrono desta edição, André Macedo. A conversa rolou na Praça Coronel Pedro Osório, lugar que, em pouco mais de trinta dias, será transformado para abrigar mais uma vez o maior evento literário da cidade.

Confira a matéria descubra um pouco mais sobre a história do cartunista:



Foto Helena Schwonke

André Macedo nasceu em Pelotas, no bairro Simões Lopes. É de uma família que era muito conhecida na cidade. Não pelo o que possuía, mas pelo o que fazia. Ele mesmo faz uma brincadeira com as palavras: “Venho de uma tradicional família... de pedreiros”.

O pai e o avô exerciam uma técnica decorativa muito específica, chamada escaiola, bastante utilizada em casas na metade do século 19 até os anos 50. “Eles eram muito habilidosos e respeitados pelo o que faziam, tinham muito orgulho da profissão”, fala. “O fato curioso é que eles eram muito cultos, quando não estavam trabalhando estavam lendo livros. Meu pai também gostava de declamar poesias”.

O primeiro contato com a literatura e com os quadrinhos


Quando criança, André era muito tímido e ler não era uma atividade que o agradava. “Eu só desenhava, o tempo todo. Nunca fui muito bom desenhista, não era o melhor da sala, por exemplo, só gostava mesmo. Preferia desenhar um colega que conversar com ele”, admite.  O pai de André percebeu a falta de interesse do filho pelos livros e a fascinação pelo desenho, então arranjou uma maneira de despertar o gosto pela literatura: deu a ele uma revista em quadrinhos. Foi amor à primeira vista. “Fiquei encantando, nunca tinha visto nada parecido. Achei tudo fantástico, as imagens me fascinaram”, lembra.


A partir daí a paixão só aumentou e ele passou a ganhar revistas não só do pai, mas também da mãe, que apesar de não saber ler, deu ao filho todo o incentivo necessário para que ele fosse cada vez mais estimulado a praticar os dois hábitos: ler e desenhar.


Quando cresceu André não teve dúvidas: Queria seguir desenhando e cursar educação artística. Para ter a aprovação dos pais, optou pela licenciatura. “Naquela época não era fácil aceitar que um filho ia ser artista, então escolhi ser professor, que era um ofício muito reconhecido. Durante o curso acabei me descobrindo e me apaixonando pela profissão”, conta.

Hoje André Macedo pode se dizer realizado, pois conseguiu aliar sua paixão com o trabalho. Além de ser professor e cartunista, possui um estúdio onde trabalha como animador e roteirista e seus trabalhos já renderam livros, exposições e prêmios.

Projeto atual

“Tem pessoas que usam o livro como símbolo de status da cultura, quanto mais eu tenho, mais eu sou. Elas se acham possuidoras do conteúdo e muitas vezes acabam sendo egoístas. Eu vejo o livro como um instrumento de registro, de compartilhamento, que só vem pra somar e multiplicar”, reflete. 


Como uma tentativa de modificar este pensamento e uma maneira de ampliar e facilitar o acesso ao público, o atual trabalho de Macedo, Carne Viva, está sendo publicado em partes no site do cartunista e não existe intenção de ser impresso. “O preço muitas vezes é um obstáculo e meu maior objetivo não é que o livro venda, mas sim que ele se espalhe”, explica. “Me baseei em vários personagens e lugares aqui da cidade. Não é um livro de história, mas usei fatos e pessoas reais para me inspirar. Mistura ficção e realidade”, explica.




A relação com a Feira do Livro e o convite para Patrono

A relação com a Feira do livro é antiga. O cartunista conta que sempre foi um admirador e frequentador do evento. A praça cercada de livros fica com um clima todo diferente, aquilo era um paraíso pra mim. Mas nunca imaginei que um dia seria patrono. Quando me ligaram eu achei até que era sacanagem”, comenta, rindo. “Fiquei muito agradecido. É um desafio muito grande e uma honra”.


Foto Helena Schwonke
A família e os amigos também se surpreenderam com o convite. “Agora acho até que as pessoas na rua me olham diferente, só porque fui nomeado Patrono da Feira”, brinca. Meu pai ficou super contente e tenho certeza que minha mãe teria ficado muito emocionada. Grande parte do que eu me tornei foi por causa deles. Herdei a alma de artista do meu pai, e a timidez, sensibilidade e disciplina da minha mãe”, declara. 

Dono de um perfil múltiplo e diferenciado, Macedo acredita que o convite para Patrono pode ter sido, além de uma homenagem, uma estratégia. “O quadrinho é cultura de massa, tem um público diferente, talvez por isso tenham me convidado, pra chamar atenção do popular. Não sei, é só uma ideia”, sugere. “Esta edição da Feira vai ser muito especial e o livro vai ser o grande protagonista da festa. Estou muito ansioso e espero corresponder às expectativas”.